Com tom intimista, o álbum “Liquidifiqueador” da banda paulista Cyanogaster carrega no próprio nome a ideia de diluir e triturar as próprias dores. Catártico, o álbum mergulha na “vibe triste” sem se afundar no acústico, ilustrando outras possibilidades de explorar esse sentimento tão peculiar.
“Liquidifiqueador é cheio de letras confessionais e experimentações melódicas. Nós trituramos o que havia dentro de nós para que algo novo fosse criado a partir disso”, revela os integrantes da banda.
Na intenção de conectar peças trituradas, o álbum de 12 faixas é composto por cinco músicas que logo após são repetidas em versões mais enérgicas e experimentais.
Conheça “Liquidifiqueador” de Cyanogaster!
De forma espelhada, “Liquidifiqueador” termina com a mesma música do começo, mas em uma versão totalmente diferente. O Interlúdio e a faixa “Canção Boba” marcam a transição do Lado A para o Lado B.
Com a cisão no meio, em sua primeira parte, o álbum traz a representação mais tradicional do indie rock com violão, solos de guitarra e bateria.
Em “Paisagem” e “Virgem”, o lado melancólico fica exposto e ganha maior alcance em “Édipo”, uma faixa que escancara as dores explicitamente em tom de confissão.
Na transição, o álbum “recomeça” com a intensidade e agressividade presente na pegada emo e screamo de “Carrasco” (Ao vivo Oversonic), e mostra seu lado bem-humorado em “Amor, ódio e reparação (versão 80’s)”, com nuances mais sintéticas e viajantes na presença do teclado e elementos inspirados na estética Arcade.
Em Édipo (Versão Lo-Fi), o álbum explora técnicas de gravação de baixa fidelidade sonora para conferir um certo charme “caseiro” para a produção; e, em “Virgem (Acapella)”, a criatividade da Cyanogaster faz com que os músicos deixem seus instrumentos de lado em uma faixa totalmente acapella.
Trazendo essa técnica tão antiga para a música contemporânea, a faixa ganha um verniz diferenciado com a ambientação vocal dos músicos e a presença de Adrielle Ferreira na voz feminina do duo.