“Saudade”, novo álbum em voz e violão de Alceu Valença, é o segundo dos quatro lançamentos no formato que o artista apresenta ao longo de 2021.
A faixa-título foi composta durante o período de quarentena na pandemia. Nesta toada, que remete ao melhor de seu cancioneiro, Alceu expressa com suavidade e lirismo todo o espanto diante do medo, das despedidas, das desigualdades.
Outra inédita é o samba “Era Verão”, que tem como tema a mudança do jovem Alceu de Recife para o Rio, no começo da década de 1970.
A canção abre o álbum, seguindo o padrão estabelecido no trabalho anterior, “Sem Pensar no Amanhã”: a ordem das faixas compõe um roteiro sentimental idealizado pelo cantor.
Alceu Valença – “Saudade”
Na sequência, versões intimistas de dois de seus maiores sucessos: “Tropicana” e “Como Dois Animais” (ambas de 1982) remetem a verões festivos, repletos de mistérios, desejos e sabores tropicais. “Ai de Ti Copacabana” (2005) e “Andar Andar” (1990), mantém o Rio de Janeiro no radar. A primeira, alude à crônica de Rubem Braga, a segunda flerta com o blues.
“Tesoura do Desejo” (1991) é uma canção de separação, ambientada ‘num certo bar Leblon’, que prepara o clima devorador de “Solidão” (1984).
E por falar em saudade, o “Samba do Tempo” (2005) se dilata como um fio para reconduzir o artista a seu sempre acessível idílio olindense, na bossa “Ladeiras” (1994) e no mantra “Olinda” (1985), onde o silêncio rompe a madrugada pela paz dos mosteiros da Índia.
Gravado no Estúdio Tambor (Rio de Janeiro), com produção de Alceu Valença e Rafael Ramos, o álbum tem Matheus Gomes na técnica e Yanê Montenegro na produção executiva.